Cientistas curam amnésia em camundongo usando luz
29/05/2015 20:13
Muito se discute a respeito do que causa amnésia, seja esta causada por traumatismos ou doenças. Existem basicamente duas teorias a respeito disso. Uma afirma que a perda de memória está associada à destruição do armazenamento de lembranças nos neurônios. Outra é mais condescendente e diz que a causa é a inacessibilidade dessas memórias pelos neurônios.
Uma pesquisa publicada na revista Science sugere que os que defendem a segunda teoria estão certos. Pesquisadores conseguiram reativar a memória de camundongos utilizando a luz. Isso significa que no futuro seja possível entender melhor o mecanismo biológico desse tipo de patologia e desenvolver novos tratamentos.
Os cientistas tinham em mente de que no cérebro existe uma rede de neurônios que, ao serem estimulados por uma memória, desencadeiam reações físicas e químicas, denominando-se engramas.
O que se pensa é que quando esses engramas recebem algum estímulo (visão, odor, sabor, som e etc) a lembrança vem à tona.
Sendo assim, por meio da optogenética, adicionou-se proteínas fotossensíveis aos neurônios para que a luz pudesse ajudar. Até então, nunca se constatou que esses neurônios sofrem mudanças químicas após a consolidação da memória.
Uma das mudanças mais importantes para esse processo é o reforço de sinapses, que possibilitam às células nervosas transmitir impulsos de uma para outra.
Logo, os cientistas fizeram testes com dois grupos de roedores. Um grupo teve essa consolidação de sinapses interrompida logo após a formação de uma memória. O outro estava normal. Ao serem colocados em uma gaiola cujo piso provocada uma descarga elétrica, os camundongos com as sinapses normais foram capazes de armazenar aquela informação e acessá-la, demonstrando medo ao serem colocados lá novamente. Já os que foram modificados não se recordavam do perigo.
Depois, os pesquisadores estimularam a memória dos ratos com amnésia através de impulsos. Os animais acabaram recuperando a memória.
"A maioria dos cientistas prefere a teoria da destruição do armazenamento da informação, mas esta pesquisa mostra que isto provavelmente é errado. A amnésia é um problema de recuperação da memória", declara o professor Tonegawa, que recebeu o Nobel de medicina em 1987.
Para ele, isso mostra que, em algumas formas de perda de memória, as lembranças podem estar simplesmente inacessíveis e não perdidas.