Fóssil de tatu gigante é descoberto por pesquisadores da UFSCar
03/08/2015 20:30
Um fóssil de Pampatherium, uma espécie pré-histórica de tatu, foi encontrado na Bahia por uma equipe de cientistas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). O tatu gigante. O animal era nativo da América do Sul e media cerca de dois metros e pesava mais de 200 kg, tendo vivido há 10 mil anos. O fóssil foi descoberto na Chapada Diamantina (BA).
No ano passado, outra equipe de pesquisadores de São Paulo havia encontrado restos mortais de três animais da mesma espécie em uma caverna. Posteriormente o grupo da UFSCar foi chamado para retirar os fósseis. O trabalho foi bastante complexo, sendo necessário muitas vezes ter de trabalhar deitado na caverna.
“Fomos até o fundo da caverna trazendo esse material através de cordas e escadas que foram montadas no interior da caverna, pois estava em um local de difícil acesso. Ele provavelmente morreu e tombou lateralmente. Uma parte dele ficou soterrada no sedimento da caverna. Ao todo umas mil placas se desfragmentaram, elas acabaram se soltando do corpo do animal e também acabaram ficando no pavimento da caverna, soltas”, disse Marcelo Fernandes, paleontólogo da UFSCar.
De volta à cidade de São Carlos (SP), os cientistas remontaram o esqueleto do animal, com exceção do casco que será colocado em breve. As placas da estrutura impressionam pelo seu tamanho. Para se estabelecer um parâmetro, a maior espécie de tatu existente é o Canastra, que mede um metro e chega no máximo aos 90 kg. Outra característica peculiar da espécie é sua nutrição. Ela não era como a das espécies atuais.
“Através da análise dos dentes desses animais nós chegamos à conclusão de que eles se alimentavam principalmente de plantas e grama. Diferentemente dos tatus atuais que são principalmente onívoros e se alimentam de tudo: de insetos, carniça e algumas plantas”, explicou Jorge Felipe, doutorando da UFSCar.
Antes dessa descoberta, outra exemplar de fóssil da espécie já estava em uma universidade de Belo Horizonte. Este, todavia, só tinha 60% da estatura do que foi descoberto recentemente, que está bem mais completo por sinal.
“Ele vem a acrescentar muito à descrição morfológica da espécie. Então ele praticamente permaneceu em um estado de dormência por quase 10 mil anos, então isso vem acrescentar muito para a gente poder descrever uma nova espécie e talvez novas espécies, inclusive”, disse Fernandes.