Pesquisadores da USP desenvolvem nova droga contra a esquistossomose a partir de planta
12/07/2015 15:16
Uma pesquisa conjunta da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Piauí (UFPE) resultou no desenvolvimento de uma nova droga capaz de combater a esquistossomose. O remédio é feito a partir da jaborandi, uma planta muito utilizada na indústria de cosméticos. Esta é a verminose que mais mata no mundo todo. O parasita é o Shistossoma Mansoni, que é bastante comum no país. No ano passado, cerca de 87 casos foram confirmados. Neste ano já são 36 até o momento.
A contaminação ocorre através da agua contaminada por caramujos infectados, estes são o hospedeiro intermediário do parasita. As larvas crescem dentro do caramujo e saem para agua, em seguida, se tiver a oportunidade, elas infectam o seres humanos.
“Logo de imediato o indivíduo sente muita coceira na perna onde as larvinhas entraram, depois vai perdendo o apetite, peso, sentindo fraqueza e períodos de diarreia. À medida que o tempo passa, os ovos dessas larvas que crescem no corpo vão se depositando no fígado, causando a cirrose. E como consequência da cirrose, a pessoa pode passar a vomitar sangue, o que leva a óbito”, disse Rodolpho Telarolli, médico sanitarista.
A jaborandi é um arbusto comum, porém, pode ter a capacidade de revolucionar o combate à esquistossomose. Os pesquisadores da USP e da UFPE identificaram após dois anos de estudo uma substância eficaz no combate ao verme.
O tratamento que é utilizado para combater a esquistossomose só atinge as formas adultas do parasita. Já o novo medicamento será capaz de matar o verme em todos os seus estágios de desenvolvimento.
“O medicamento que existe no mercado hoje, além de ele só atuar sobre as formas adultas, ele também causa hepatotoxicicidade, o composto que temos estudado, além de não causar toxicicidade nem para o fígado nem para o cérebro, ela atua sobre as formas jovens do verme e também sobre os ovos. A gente espera que dentro de dois anos já possa ser comercializada como fitoterápico”, explica Ana Carolina Mafud, pesquisadora da USP.
Até o momento, os testes em camundongos foram promissores. A expectativa é de que agora a pesquisa avance para os próximos testes e em breve possa ser útil na produção de novos medicamentos.
“Se esse nosso produto tiver um custo competitivo e também uma ação competitiva com os remédios que já existem, certamente alguma indústria farmacêutica vai querer usar”, disse Yvonne Mascarenhas, professora de Física do Insituto de Física da USP.